quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Voo solo

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Vento negro, campo afora
Vai correr

Quem vai embora tem que saber
É viração

(...)


Cresci. No sentido mais puro da palavra. Ultimamente, entre trabalho e corridas para encontrar um lugar para morar, tenho notado o real significado dessas seis letras unidas. O mundo dos adultos, cheio das suas falas e modos de tratamento próprios quando você é 'qualquer um', ainda não havia me atingido de forma certeira e como um alvo único. Sempre havia alguém para dividir comigo a direção da flecha.

Ok, é chato! Meu lado infantil - que espero que nunca vá embora - fica emburrado quando o assunto é taxas para isso, seguro para aquilo, comprovante daquele outro. Mas agora começo a descobrir que o meu lado adulto é realmente adulto. Quem diria que todos aqueles anos tentando entender a vida de bancário-advogado-economista-corretor de meu pai, apenas por pura  curiosidade, me renderiam o conhecimento básico e necessário para meu verdadeiro voo solo?! Uma vida só minha, cuja altura, direção e ventos a seguir sou eu que decido. A guriazinha às vezes tem medo. Mas a adulta tem a convicção e a experiência necessárias para dar segurança à pequena.

Uma pergunta que todos me fazem: e agora, para onde você vai? A eles respondo 'lugar nenhum'. Pelo menos por enquanto. Há muitas e muitas razões que me fazem ficar. A maior e absoluta ainda não tenho, talvez, quem sabe... mas não depende de mim. Já estive em tantos lugares, experimentei tantas vidas, tantas possibilidades. Sempre soube o que queria. Mas agora, pela primeira vez, não depende tanto de mim ficar ou ir embora. Enquanto isso, aproveito esse tempo que tenho aqui, que pode ser alguns anos ou a vida inteira. E tanto a criança quanto a adulta sabem disso. E cada uma aproveita como pode, da melhor forma possível, pois ambas reconhecem que ir ou ficar significa mudanças e divisões. Amigos, conhecidos, colegas, família. Mas todos eles estão bem aqui, dentro do peito. Não importa se vou ou se fico. Guardo a todos.

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Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei

Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei
(...)



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Medo, coragem ou insegurança, chame do que quiser...

Você sabe o que causou em mim?

Quando nos encontramos, alguns meses haviam se passado desde meu último relacionamento. Eu estava em um momento mais do que feliz, havia desabrochado novamente para uma vida colorida e musical, sentimentos (bons) à flor da pele. Toda a tristeza e desgosto deixados pelo caminho do tempo, para nunca mais voltar.

Nunca pensei que um simples encontro não seria tão simples. Ou tão efusivo. Com sensações indescritíveis, nunca antes experimentadas. A conexão foi total, em cada ponto da personalidade de ambos. Ressonância completa. O tempo se arrasta, e mundos paralelos são criados. Uma ebulição de sentimentos, desejos e vontades, tudo ao mesmo tempo, em dois corpos que querem tanto ser um só.

Há tanto que gostaria de te dizer... tanto... mas a sensação de contenção é maior. Medo de te fazer sofrer ainda mais. Medo de te fazer ter medo. Medo dos medos que você tem. E a vontade que sinto de te dizer que tudo vai dar certo. Que podem haver algumas indefinições no início, mas que com o tempo tudo se encaixa. E que a terceira pessoa, o nós, será minha prioridade, sempre. Dona Coragem, me ajuda? Gostaria de dizer tudo o que sinto, tudo que penso, tudo que sei que será. Toda a felicidade ainda por vir. Mas... e se você se arrepender, meu querido? Tudo que posso te oferecer sou eu. Serei eu suficiente? A insegurança do não saber bate à porta. E espera.

"Neurotransmissores, mísseis na pressão
  A vida em cada curva dispara o coração
  Nada fácil cara, euforia e depressão
  Muitas pedras no caminho 
  E uma flor em cada mão"

Resolver essa situação é sinônimo de dor para alguém. E isso me consome. A escolha não é minha, então espero...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carnaval, carnaval

Durante uma boa parte da minha vida, carnaval era sinônimo de extrapolação. Assim como para a grande maioria das pessoas. Foi durante esse período que tomei meu primeiro (e durante muitos anos, o único) porre, por exemplo. Como em qualquer festa, dançava do início ao fim. Gargalhava. Pulava. E dançava e dançava e dançava.

Nos últimos anos, perdi o carnaval. Como se não existisse, ele passou por mim. Como assim? Essa pessoa que aproveita tudo e mais um pouco? Que adora rir, e dançar, e falar alto, e gesticular? Como assim? Às vezes fazemos (ou não fazemos) pelos outros. E dessa forma, fui cedendo. É normal, certo?! Depois de ter mudado minha vida totalmente, vejo o quanto eu cedi. E o quanto ele não cedeu. O descompasso em tudo... tudo... tudo.

Meu primeiro carnaval na nova vida está ótimo! "Extravasar mode on"! Extravasar na dança, na música, nos pulos, nas gargalhadas, nos risos, na água. Sim, porque os anos me ensinaram algumas coisas importantes. Primeiro: álcool não é sinônimo de carnaval. Calor. Desgaste físico. Calor. Calor. Calor. E nada disso me dá vontade de beber. Simplesmente não rola. Segundo: ganhar beijo é ótimo, e os melhores são nas bochechas. Não é bem assim para beijar na boca, preciso de outros atrativos importantes, e isso vale também durante o carnaval. Não nego beijo para ninguém... no rosto! Terceiro: respeitar o corpo! Dormir bem, comer bem, e água!

Dancei muito, recebi muitos beijos, e beijei muito. Pulei muito, dancei demais, cantei até ficar sem voz. Bebi água demais. Caminhei muito. Saldo final: tudo muito, tudo demais! Ah, Seu Carnaval! Como você é lindo!


"Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele Pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
A mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval"


(Para ouvir)  http://www.velhosamigos.com.br/sons/mascaranegra.mp3

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Começo ou Recomeço?

Inicio minhas primeiras linhas por necessidade.
Aquela necessidade do peito em expansão de expressar o que há lá dentro.
Sem poder. É, não pode. Contenção.
Suprimir as vontades, e recolher os desejos são atividades que demandam principalmente sangue frio.
E isso certamente não tenho. Eu fervilho. Eu desatino.

E quando as palavras não são suficientes para expressar tudo o que há lá dentro? Como que faz?